VALIDADE
Março 31, 2019
Tem-se na verdade definido a nossa cultura, nas suas manifestações socialmente dominantes, como a expressão de correntes estrangeiras, a que os nossos professores, escritores e artistas aderem impensadamente, limitando-se a sua liberdade espiritual perante elas, à ligeira correcção das suas sensitividades individuais. A sensitividade individual, mesmo talentosa, de um núcleo de professores, escritores e artistas não constitui efectivamente, a substância de uma autonomia cultural. Mesmo a existência de uma língua própria, quando é grande a pressão dos ambientes culturais alheios, tarda em garantir essa autonomia, porquanto as palavras aparecem então mais como nomenclaturas traduzidas do que como potências livres.
Manifesto de 57.
57 – Folha independente de cultura. Director, António Quadros.
Ano I, N.º 1, p.1. Cascais, Maio 1957.